segunda-feira, 21 de março de 2016

Dia Mundial da Floresta

Pico do Arieiro (Ilha da Madeira)
Em jeito de comemoração, do dia mundial da floresta, 21 de março.

As velhas árvores
Olha estas velhas árvores - mais belas,
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, e a fera à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas.
Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

António Ramos Rosa (1924 - 2013)

Árvores
Vereda dos Balcões (Ilha da Madeira)
O que tentam dizer as árvores
No seu silêncio lento e nos seus vagos rumores,
o sentido que têm no lugar onde estão,
a reverência, a ressonância, a transparência,
e os acentos claros e sombrios de uma frase aérea.
E as sombras e as folhas são a inocência de uma ideia,
que entre a água e o espaço se tornou uma leve integridade. 

(...)
É um canto num sono,
e o vento e a luz são o hálito de uma criança,
que sobre um ramo de árvore abraça o mundo.

Olavo Bilac (1865 - 1918)

domingo, 20 de março de 2016

Domingo de Ramos

Palmito
     Festa cristã, que comemora a entrada de Jesus em Jerusalém, é celebrada no domingo antes da Páscoa. Antigamente, neste dia era tradição enfeitar as casas com alguns ramos de "palma" (palmeira), e levar para a Missa para serem benzidos, palmitos (ramos de Phoenix sp. trabalhados) ou ramo(s) de alecrim (Rosmarinus officinalis), oliveira (Olea maderensis - que iam buscar à “beira-mar”), loureiro (Laurus novocanariensis), limoeiro (Citrus limon), arruda (Ruta chalepensis), entre outras plantas.
     Segundo alguns relatos, dados de trabalho em campo, apenas os padres levavam “palma”, a população levava outros ramos cujos destinos eram vários. Acalmar o "mau tempo",  queimando uma porção do palmito, “deitando as suas cinzas ao ar”, e pedindo a Deus e a São Bento que acalmasse a tempestade; proteger a casa guardando os ramos até ao ano seguinte; tomando um "chá" para proteger do mau-olhado, utilizando para isso, uma porção de todas as plantas do raminho benzido.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Oliveira da rocha, zambujeiro

       Olea europaea L. ssp maderensis Lowe é uma pequena árvore endémica do arquipélago da Madeira, é cada vez mais rara, em escarpas rochosas do litoral; atinge 2, 5 metros de altura e pode ser encontrada até 500 metros de altitude.  As suas folhas são opostas, oblanceoladas a linear - lanceoladas, subsésseis, verde-acinzentadas, sendo um pouco mais escuras na página inferior; as suas flores são pequenas, brancas reunidas numa panícula. A drupa é pequena, pouco carnuda, verde, tornando-se mais escura quando madura. Na ilha da Madeira, e perto da Páscoa são criados pequenos ramos, junto com limoeiro, alecrim e arruda, entre outros, que são  levados para a igreja, na missa do Domingo de Ramos, para serem benzidos e serem colocados em casa para proteção da mesma e da família. 

Oliveira traduz paz,
que se dá aos bem casados,
palma benta aos sacerdotes,
Alecrim aos namorados.
Passei pela oliveira
Cinco folhas que escolhi,
Foram os cinco sentidos
Lindo amor, que eu pus em ti.
Se a oliveira falar,
Ela diria o que viu!
Lá debaixo da sua rama
Dois amantes encobriu.


in Árvores no Cancioneiro Popular

terça-feira, 8 de março de 2016

Quintas, Parques e Jardins do Funchal - Estudo Fitogeográfico

     Esta publicação, resulta de uma dissertação de doutoramento em fitogeografia, elaborada pelo Dr. Raimundo Quintal, onde aborda o estudo dos espaços verdes no concelho do Funchal, nomeadamente das quintas, parques e jardins. Neste trabalho de investigação, elaborou-se uma breve resenha histórica, a caracterização biofísica  do concelho, e ainda o estudo fitogeográfico de cada espaço verde (caracterização e distribuição fitogeográfica, etc.), tendo por base o trabalho de campo realizado entre 2002 e 2005. Posteriormente, foi realizada uma análise para explicar a diversidade florística, o comportamento fenológico das plantas e a origem geográfica da flora ornamental estudada. Finaliza, destacando a importância destes espaços verdes e da conservação de espécies endémicas ameaçadas.

Ref.: Quintal, R. 2007. Quintas, Parques e Jardins do Funchal - Estudo Fitogeográfico. Ensaios 4. Lisboa. Esfera do Caos Editores, Lda.