sábado, 9 de maio de 2020

Chagas, capuchinhas

O Tropaeolum majus pertence à família Tropaeolaceae e pensa-se ser  proveniente da América Central e do Sul. Na ilha da Madeira está naturalizada, tendo sido referenciada por Thomas Lowe nos seus registos no século XIX. Esta herbácea é usada no arquipélago como ornamental e alimentar (flores e sementes), contudo, em outros locais é utilizada ainda como medicinal. 
Nos Andes, as folhas são usadas externamente para elaboração de desinfetantes e cicatrizantes, bem como a ingestão da infusão de algumas partes da planta são mencionadas como expetorante e com propriedades antibacterianas.

Sabias que?

As sementes tenras podem ser preparadas e ingeridas como
pickles, e quando maduras maceradas e usadas para apimentar os pratos.

Faveira

    A faveira de nome científico Vicia faba L. pertence à família Leguminosae. A cultura da faveira
remonta à pré-história, a cultura foi desenvolvida por hebreus e egípcios, o seu consumo foi sendo difundido pela Ásia e acabou por chegar à China, ainda na Idade do Bronze.  Segundo Heródoto, os sacerdotes do Egipto consideravam-na como um alimento impuro, e os  religiosos desviavam o olhar da planta por achar que ela encerrava a alma dos seus antepassados. 
Um dos pratos mais emblemáticos da cozinha tradicional egípcia é o ful medames. O nome da receita milenar significa "favas enterradas" por serem cozinhadas num pote de barro enterrado em cinzas, sendo depois ligeiramente pisadas e temperadas com alho, azeite, salsa e cebola. Na Grécia antiga, Pitágoras alertava os seus discípulos para se absterem de as comer pois achava que era como cérebros e continha a alma dos mortos. Na Era Romana era honrada com o estatuto de principal leguminosa destacando-a do grão ou da lentilha. Era oferecida em honra da deusa Carna num ritual chamado fabaria. Quando havia escassez de cereais secavam favas e trituravam-nas. A farinha de fava, que Plínio, chama de lomentum era misturada com trigo para fazer pães. Até ao século XVI, após a descoberta do Novo Mundo, a fava era um dos alimentos mais populares da Europa. 

Sabias que?
         Na Grécia Antiga, as favas eram usadas para eleger magistrados e outros membros de cargos políticos. A fava branca era um voto favorável, uma fava preta um voto contra. Os romanos usavam ainda a fava para escolher o rei das saturnais. Este hábito foi recuperado pela Igreja Católica para celebrar a Epifania e está na origem da tradição de colocar uma fava no bolo-rei. 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Espargos

        Asparagus officinalis pertence à família Asparagaceae e é nativo da bacia do Mediterrâneo. 
Produtos Tradicionais Portugueses - Migas de EspargosÉ um alimento apreciado à cerca de 2000 anos, os egípcios conheciam-no no seu estado selvagem, mas foram os gregos e os romanos que aperfeiçoaram a sua cultura. As civilizações clássicas utilizavam os espargos devido às qualidades medicinais e efeitos afrodisíacos. Os gregos chamavam-lhe sparassi (rasgar) por causa do aspeto pontiagudo, em Atenas passaram designar-sede apharagos, o que deu origem ao nome  asparago. Segundo Plínio, o Velho, quando o Imperador exigia celeridade na resolução de um problema, exclamava: "celerius quam asparagi cocuntur", ou seja pedia que fosse tão rápido, quanto os espargos levam a cozer.  Surge, novamente mais tarde referências à sua utilização na Europa no século XIV, inícios do século XV pelas mãos dos árabes. 
A diversificação de espécies, que hoje se conhece deu-se no século XVIII e só vinte são comestíveis. Para além dos exemplares verdes, existem também espécies brancas (sem clorofila) protegidas do sol, estes são cobertos de terra para crescerem tenros e terem um sabor delicado. 

Sabias que?

       Os espargos são muito nutritivos sendo ligeiramente afrodisíacos. Devido a esta reputação chegou a ser proibido nos conventos no século XIX pois as religiosas alegavam, que para além de ser uma volúpia para a gula, o aspecto fálico despertava o libido das noviças. Atualmente é utilizado na gastronomia em diversas receitas. 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Abundância e Falsa Abundância

Ageratina riparia
A abundância ou Ageratina adenophora (Spreng.) R.M. King & H. Rob. é da família Asteraceae, é uma planta ruderal utilizada pela população local para diferentes maleitas. Nomeadamente, a infusão das folhas é usada para pressão arterial e adicionando uma porção de Equisetum telmateia poderá ser ingerida para problemas de fígado. Todavia, para a segunda utilização é mencionado cuidado pois pode ser tóxica quando ingerida em excesso.  As folhas, esmagadas e colocadas sobre a zona afetada funcionam ainda como emoliente. 
Ageratina adenophora
Esta espécie, no entanto, pode ser facilmente confundida com Ageratina riparia (Regel) R.M. King & Rob. da mesma família e género, mas sem aplicações medicinais. 


Sabias que?
Ageratina adenophora foi introduzida na ilha da Madeira no século XIX, é originária da América Central e das ilhas do Pacífico, a Ageratina riparia teve uma introdução mais recente. Ambas estão perfeitamente naturalizadas no arquipélago.