terça-feira, 3 de janeiro de 2017


Minha Terra,
não te canto pelas tuas belezas, nem pelas tuas flores,
nem por esse verde impossível dos teus montes,
nem pelo canto cristalino das tuas fontes,
nem pelo azul puríssimo do céu e do mar
eu te respeito só.
Venero sim, os meus antepassados
que num sonho de há quinhentos anos,
lograram-se ao criar-te num esforço sobrehumano
e desbravar o mato, quebrar a pedra,
domar o mar, os ventos e a adversidade.
Gastar o sangue, os anos e vontade,
a construir poios, a aproveitar a terra,
até onde os pisos altaneiros, as nuvens apunhalam
e a desafiar as bocarras ciolópicas e as gargantas da montanha
dominar a torrente de frágua em frágua,
para as suas lágrimas, o seu suor e sua água,
pudesse hoje existir, (...) Madeira.
                                                                                                                 Bom Ano!
Secundino Teixeira (séc. XX) 
Fonte: Vieira, A. 1998. Do Éden à Arca de NóeSecretaria Regional do Turismo e Cultura - CEHA 

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