Águas mansas das levadas Levadas da minha aldeia
tal como as ribeiras, galgando de monte em monte
que em vindo o Inverno, enchei de seiva esses vales,
(...)
Essa voz suave encerra, As aves já aprenderam,
enigma doce e profundo. o vosso lindo cantar,
cantais promessas dos céus cantam ensinando às flores,
ou chorais males do mundo? como se deve falar.
À vossa beira se espelham A serra já não se lembra,
hortênsias, musgos e flores, das gerações que passaram,
velhos loureiros murmuram e a vida vai e renova-se,
loucas histórias de amores. e as águas nunca pararam.
(...)
Tudo seria mais triste,
na quietude da serra,
se a vossa voz não ouvisse
como a própria voz da terra.
(...)
A. F. Gomes. Baladas das Levadas (1998)
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