terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Entrei na Sombra como Alguém que Via

Entrei na sombra como alguém que via,
Entrei devagar no ritmo de um salmo,
E havia luz,
Era uma luz, como uma árvore quando cresce
E estando em flor, era um dia inteiro.
Entrei com a sombra pela cintura como algo conquistado,
Com o sangue a escorrer-me para os pés.
Mas mesmo, que não sangrasse,
Eu entrava em triunfo, inteiramente vencido.

Entrei para um laço sem saída, porque era um nó aberto
E tinha os pés regados pelo sangue que dá vida,
Tinha umas sandálias de sangue para caminhar livre.
Entrei em morte sucessiva no que vive
Era a luz de uma árvore quando cresce
E se ensombra para não ficar sozinha.

Daniel Faria
Foto de L.R.