quinta-feira, 26 de junho de 2014

Santos Populares

Malfurada da rocha -
Hypericum perfuratum
  No mês de junho ou no mês dos Santos Populares, são comemorados com mais fervor, o Santo António, São João e o São Pedro, dias repletos de tradições e superstições muito curiosas, muitas das quais associadas a plantas.
  Na ilha da Madeira, as plantas recolhidas no dia de São João, antes do amanhecer são consideradas benzidas, segundo a sabedoria popular: “todas as plantas são bentas na manhã de S. João, só a malfurada da rocha, pelos seus pecados, não.”
  Assim, na véspera  deste dia são apanhados e colocados nas janelas e portas para apanhar o "sereno", os ramos de murta (Myrtus communis), alecrim (Rosmarinus officinalis), loureiro (Laurus novocanariensis), oliveira (Olea madeirensis) ou buxo (Buxus sempervirens), sendo que estes ficam "bentos", e a casa fica protegida. Nas zonas rurais eram colocados ainda, ramos nos palheiros, chiqueiros e/ou galinheiros para que nada de "mau" entrasse e os animais ficassem protegidos. As fontes, também não escapavam a esta tradição, pois tal como hoje, eram enfeitadas com flores, ramos de "louro bento" (L. novocanariensis), canas vieiras (Arundo donax), buxo (B. sempervirens), entre outros, para que a fonte/água ficasse benzida.
  Neste dia, a gastronomia também é típica, o madeirense delicia-se com o atum de escabeche (mistura com azeite, vinagre, cebola, alho e pimentão), as semilhas (Solanum tuberosum), o feijão fresco e as maçarocas cozidas, acompanhado por um cálice de vinho caseiro. E se seguir a tradição, termina o dia com o mergulho no mar sob as estrelas... pois segundo sabedoria popular, limpa a alma e protege-nos de todos os males...até ao ano seguinte. Na dúvida..., mergulhamos e aproveitamos breves momentos de calma, puro relaxamento após um dia de labuta, entre a temperatura amena das águas, a frescura da brisa e o som das ondas.
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