sábado, 23 de agosto de 2014

Etnobotânica (II)

Vaccinium padifolium Sm.
 (Uveira da Serra)
   Desde muito cedo através das muitas histórias contadas pelo meu avô, sábio conhecedor das utilizações tradicionais das plantas medicinais, desenvolvi um fascínio e curiosidade sobre as aplicações e mistérios envolventes às plantas. Através das suas memórias e do meu pai, conheci as minhas raízes, o meu tetravó, "Curandeiro do Norte", que utilizando o conhecimento empírico adquirido de gerações anteriores, ajudava e curava as maleitas de familiares e vizinhos. 
  Mais tarde, por escolhas e quiçá o destino, segui um percurso académico que me facultou as competências necessárias, e que fez germinar a semente à muitos anos latente, para conhecer e estudar as plantas. Neste sentido, e após uma escolha, a ilha da Madeira tornou-se um local de estudo prodigioso, pela sua história, ponto de convergência de culturas e produtos, pelo clima ameno, orografia agreste, diversidade de plantas, por memórias de gente humilde, orgulhosa, trabalhadora, mas principalmente por ser, entranhadamente, a minha terra.
  Rica em diversidade de plantas, nesta localidade, encontramos espécies autóctones, endémicas e introduzidas, todas elas sem excepção, fazendo parte do mesmo todo, com características  distintas, mas igualmente válidas pois contribuem para ricos e heterogéneos campos, ecológico, alimentar, ornamental, entre outros. Deste total, estima-se que 1/3 das espécies existentes sejam usadas como medicinais e aromáticas, associadas a tradições ou ainda aplicadas na veterinária. Todavia, anseia-se por mais estudos realizados por equipas multidisciplinares de variadas vertentes e perspectivas, que com franqueza e dedicação, certamente complementarão para uma nova visão mais abrangente e fiel, sobre este campo da ciência, a etnobotânica...