quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Dia de São Martinho

    O Dia de São Martinho é comemorado um pouco por toda a Europa, mas as tradições variam. Em Portugal, comemora-se na véspera ou no próprio dia, fazendo-se magustos e elaborando as refeições típicas da época, na ilha da Madeira degustam-se as semilhas (Solanum tuberosum) com  batata doce (Ipomeas batatas), couve (Brassica oleracea) ou outros legumes cozidos, o bacalhau assado ou atum de escabeche, e nas adegas prova-se o vinho, segundo o ditado popular: "em dia de São Martinho vamos à adega e prova-se o vinho". É uma antiga tradição, que tal como no Dia de Todos os Santos, acendiam-se fogueiras e assavam-se castanhas (Castanea sativa), sendo também motivo para mais um convívio familiar e social. Segundo a lenda, num dia de Inverno e de chuva (III-IV d.C.), um soldado que seguia o seu caminho, encontrou um pobre a tremer de frio, sem nada que lhe pudesse dar, empenhou a sua espada e cortou a capa que usava a meio, cobrindo-o com uma das partes. Mais à frente, encontrou mais um mendigo, com quem partilhou a outra parte. Sem nada que o protege-se do frio, São Martinho, continuou a sua viagem, todavia, rege a lenda que as nuvens abriram-se e o sol surgiu, prologando-se o bom tempo por vários dias. Surge assim, segundo os populares, a expressão: o verão de São Martinho.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Druidismo - O Ciclo do Ano

Desde o Iluminismo, que a nossa cultura tem vindo a projectar a mensagem de que a vida é linear, de que nascemos, envelhecemos, morremos e tudo acaba. A antiga mensagem do carácter cíclico da vida, enquanto ciclo ou espiral foi substituída pelo símbolo de uma linha a direito: uma mundo-visão masculina, linear e científica Carr-Gomm (2011). Segundo o autor, Carr-Gomm (2011), os resultados provocados por esta mudança na nossa consciência colectiva, de uma concepção circular da vida para uma concepção linear foi o desligar das "almas", em relação a uma das fontes espirituais mais veneradas: a Natureza. 
No Druidismo, a visão de Divindade era de algo omnipresente, manifestando-se em diferentes formas, estrelas, pedras, animais, árvores, etc... Para a sua  celebração, Natureza, cumprimos um conjunto de oito cerimónias ao longo do ano (cada uma delas concebida para nos ajudar a sintonizarmo-nos com o ritmo da respectiva estação do ano e com a vida na Terra). Neste sentido, a vida do Homem é um ciclo:  “nascemos vivemos a infância, a juventude, envelhecemos e mais tarde morremos”, conceito representado por um círculo, onde no seu interior está a sua alma, a sua identidade. O mundo, estações do ano são claramente cíclicas: sucedem-se umas às outras, por isso, podemos dispo-las num círculo do ano. O mesmo acontece com os dias: cada dia nasce de madrugada, atinge o seu ponto alto ao meio-dia e depois começa a escurecer, dando lugar à noite, altura em que morre, renascendo depois na madrugada seguinte (Carr-Gomm, 2011). 
      “O círculo do ano e o círculo do dia têm afinidades: o Inverno é como a morte da noite, quando tudo fica quieto. A Primavera é como o nascer do dia, quando os pássaros acordam e louvam o céu. O Verão é como o meio-dia, uma altura de calor máximo e em que o crescimento é maior. E o Outono é como o fim de tarde pois até mesmo, as suas cores se parecem com as do pôr-do-sol. Temos assim, os dois ciclos da Terra em sintonia (Carr-Gomm, 2011)."
Existe ainda, uma ligação entre o nosso ciclo e o ciclo da Terra. No nosso ciclo há um nascimento, morte e renascimento. No ciclo da Terra, no solstício de Inverno ocorre a noite mais longa; no lado oposto, no solstício de Verão, onde está a sua máxima força é a altura do ano com o dia mais longo. A primavera corresponde à época da tua infância, o Verão à fase mais jovem da idade adulta, o Outono à tua fase madura e o Inverno à tua morte. E no centro da roda da tua vida está a tua alma, tal como no centro da roda da Terra está o sol. Daí o sol, ser um elemento reverenciado no Druidismo.

Carr-Gomm, P., 2011, Os Mistérios dos Druídas, Editora Zéfiro, Lisboa.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O Equinócio de Outono


   Durante o ano ocorrem os equinócios, na Primavera e no Outono, a vegetação e a luz solar diminuem, os dias e as noites são iguais. No hemisfério norte, o equinócio de outono celebra-se entre os dias 21 a 22 de setembro. Esta altura do ano, já era comemorada desde a época dos antigos Druídas, em que consideravam os equinócios de outono, momentos de equilíbrio, paz e do tempo de se fazer uma avaliação de tudo aquilo que foi plantado e colhido. Nas florestas, as folhas começam a cair e o Sol a desaparecer rapidamente, a natureza "declina" e prepara para a chegada do inverno. Segundo, o druidismo, no equinócio de outono deveremos lembrarmos também daqueles que estão doentes e as pessoas mais velhas, que precisam da nossa ajuda, sendo que devemos proferir palavras de amor e carinho, antes da travessia para o Outro Mundo. 
Nas casas, enfeitam os altares e/ou as mesas com os grãos e sementes, que sobraram das primeiras colheitas, folhas secas, ramos, castanhas, maçãs e outros frutos do outono. Não esquecendo,  de agradecer à Mãe Terra pelas bênçãos recebidas. 
- Simbologia: resultado das colheitas, preparar-se para o inverno e despedir-se do verão.
- Tons: acastanhos, bejes, avermelhados, etc.
- Alimentos: pães de cereais, sementes e frutos secos, tubérculos, vinho branco ou sumos naturais, cerveja, etc.

domingo, 22 de julho de 2018

Massaroco(s)

     A família Boraginaceae, herbáceas e arbustos, engloba vários géneros, entre os quais o Echium sp. a que pertencem os massarocos. Na ilha da Madeira, podemos encontrar três exemplares deste género botânico, o Echium plantagineum (vermelhão), o Echium candicans (massaroco) de zonas montanhosas, e o Echium nervosum (massaroco) de regiões litorais. O primeiro exemplar, E. plantagineum, é uma herbácea existente também no Porto Santo, com uma corola relativamente maior aos restantes dois géneros de porte arbustivo, que podem se distinguir, de forma mais rápida pelo tamanho da inflorescência e fruto, bem como pela área biogeográfica, onde se encontram. Habitualmente, estas últimas duas espécies têm inflorescências de tons violeta ou azuis, todavia, podemos encontrar variações a estas tonalidades.
Echium nervosum
Echium nervosum
Echium candicans

Echium candicans

"Que Saberes para o Século XXI"

O projeto: “Aprender Madeira” - Dicionário Enciclopédico da Madeira tem como intuito compilar todo o conjunto de conhecimentos existentes sobre o arquipélago da Madeira, de distintas áreas (e.g. História, Biologia, Antropologia, Economia, Literatura, etc.), desde a sua formação geológica da ilha até à atualidade.

Após as Ilhas de Zarco de Eduardo C.N. Pereira (1940), e do Elucidário Madeirense ( Pe. Fernando Augusto da Silva e Dr. Carlos de Azevedo Menezes, 1921), e que não era atualizado desde a década de 1940, surge este projeto, inserido também no programa das Comemorações dos Descobrimentos do Arquipélago da Madeira (século XV) por João Gonçalves Zarco. Assim sendo, o todo o "Dicionário Enciclopédico da Madeira" terá um total de 10 volumes, que serão publicados, faseadamente, "Que Saberes para o Século XXI" foi a primeira publicação que englobou várias temáticas, entre as quais botânica.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Congresso FloraMac - 2018

  No mês de setembro, de 12 a 15, irá realizar-se o congresso internacional FloraMac onde serão debatidos os últimos estudos científicos relativos à flora macaronésica.
  Em três dias, serão apresentadas comunicações e apresentações de posters, que culminarão com uma saída de campo, no último dia, à ilha do Porto Santo.
 Os valores da inscrição incluem materiais, refeições (pausas a meio da manhã e tarde, almoços, e  jantar final), bem como viagens.  Inscrições terão de ser feitas até à última semana do mês de junho. 

   Inscrevam-se!!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Documentário: Semente - A História por Contar

 No documentário, "Seeds - History Untold", é desvendado que as sementes tiveram um papel fundamental na história da alimentação e que a sua protecção  é fulcral para o futuro da sobrevivência humana. Vitais desde o início da Humanidade, este documentário menciona o papel daqueles que protegeram este legado alimentar e cultivaram-no em terrenos férteis desde o início da história da agricultura. No século passado, entre 70 a 90% das variedades de sementes desapareceram, não esquecendo a grande maioria, ainda não descoberta pelo Homem devido à perda de habitats. Hoje, à medida que as empresas de biotecnologia controlam a maioria das sementes, agricultores e cientistas, travam uma luta para defender parte do futuro da alimentação humana.