quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Figueira

       A figueira, Ficus carica L. é nativa do sudoeste da Ásia, tendo sido introduzida na Ilha da Madeira  no início do povoamento. Pertencente à família Moraceae, pensa-se que foi domesticada na região do crescente fértil (hoje, Irão, Iraque, Síria, sul da Turquia, Jordânia, Israel e Egipto) e nas áreas secas a sul da Mesopotâmia. Os primeiros indícios do seu cultivo remonta aos 3000 bC, tendo posteriormente se propagado pelo Mediterrâneo, Índia, China, chegando apenas no século XVI ao Novo Mundo. Podendo atingir os 10 mts, as suas folhas são caducas (caem no Inverno) e os figos são pseudofrutos, sicónios, resultado de uma inflorescência.
        Na ilha da Madeira, o chá das folhas era usado para a gripe e constipações, diabetes e reumatismo, os figos ou mel do mesmo fruto eram colocados sobre os furúnculos e o látex usado para as verrugas.
         No Natal, em casa de famílias mais humildes, nas zonas rurais, a confeção do tradicional bolo de mel era feita com mel de figos que substituía o mel de cana de açúcar comprado nas mercearias.
Este mel era preparado nos meses de Verão, logo que os figos ficavam maduros. O processo era moroso, estes eram primeiro cozidos, depois colocados dentro de uma saca e apertados para extrair o suco, que era fervido e donde resultava um líquido doce, amarelo torrado e meio viscoso, avidamente comido com pão. Só após uma segunda cozedura é que obtínhamos o mel, pastoso, mais escuro e com um sabor estranhamente similar ao mel de cana.
Hoje, enquanto saboreio um figo bem maduro, o palato e a memória são estimulados, surgindo lembranças das visitas à casa dos meus avós, dos risos, do cheiro a férias de Verão, e do sorriso do meu avô rodeado pelos netos, que despreocupadamente riam e comiam figos. Crianças, acreditando ainda em contos de fadas, onde a vida é sempre  justa e simples, as pessoas francas e frontais, não se deixando iludir e manipular por ventos e marés, e que valores, tais como a lealdade, confiança, amor, etc. movem o mundo.

1 comentário:

Majo disse...

Vivo numa região que já foi uma grande produtora de figos, a minha propriedade era uma das mais produtivas da zona; herdei-a coberta de mato...
Sabor de figo maduro também me evoca férias de Verão no Algarve, praia, liberdade, alegria, família, despreocupação e felicidade num tempo melhor...
Continuo a acreditar que os valores que indicou continuam a mover o mundo, ainda que silenciosa e discretamente.